Flama Invicta

Flama Invicta é uma performance espontânea feita em cenário pós apocalíptico. Idealizada para ser feita em património citadino acabou por ter forma durante uma viagem que se alongou bastante. Saída das burocracias da cidade do Porto viajou até uma Figueira da Foz onde o turismo é outro e muito mais exigente quanto ao que existe na própria Rua. A ideia de ter o fogo como linguagem cinematográfica surgiu normalmente entre trabalhos vários que foram feitos para teatro de fogo. A sua forma de conseguir adesões de enchentes um pouco por todo o lado fez com que a sua magia tivesse novos patamares a serem explorados. A nova dimensão ganhou em Flama Invicta a sua primeira aparição. Há um final radical com a espera de uma arte que supera a própria necessidade de existência de eletricidade e coloca em causa as castas sociais que de uma forma ou de outra se fazem. Seja pela economia, pelo emprego, pelo estado civil e outras tantas que deixam de fazer sentido ou de dividir um público que se imagina livre e sonhador deitado ao ar livre a assistir a uma arte que ainda dá os primeiros passos. Há uma quebra de lógica dentro da perspetiva do Teatro do Absurdo de Martin Esslin assim como há um chamamento ao Revivalismo Arcaico de Tarence McKenna ao considerar a televisão como um condutor de estímulos infernais e assim destruída. Nada surge por acaso. Nem mesmo a sanita isolada numa estrada sem saída onde se esboçam arquitetura de formas de cogumelos que a chama fará sem que tal seja possível de delinear com precisão. O filme não poderia ter guião ou técnicos pois seria o pleno caos. Quais as sombras esperadas? Quais os cenários onde o performer se sentirá em harmonia? Este filme é o desabrochar de um sonho que tem conseguido encontrar o caminho certo.