GHOSTS, RECORDS & RECREATIONS
Ghosts, Records & Recreations is a project that blends characteristics of a visual essay with those of an experimental video. The idea for this movie came while I was shooting a video in a doctor's office (which was my grandfather's), after having encountered a set of slides and photographs of pre and post operations. Seeing the potential that could be behind these images, I decided to work them without having properly at the time, a final conception for my film. As such, I recorded in various ways and through different methods to find a esthetics and a satisfactory tone. From the projection of slides against the wall of a fireplace to the mix of childrens cubes with photographs of operations were just a few of my experiences or attempts.
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Gonçalo NevesDirector
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Project Type:Experimental, Short, Student
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Genres:Experimental, short fim
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Runtime:7 minutes 18 seconds
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Completion Date:July 6, 2018
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Country of Origin:Portugal
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Country of Filming:Portugal
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Shooting Format:Digital
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Film Color:Color
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First-time Filmmaker:No
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Student Project:Yes
Sobre mim
NOME: Gonçalo Nogueiro Neves;
IDADE: 23 anos;
NATURALIDADE: Coimbra;
FORMAÇÃO: Licenciado em Cinema na Universidade da Beira Interior - tendo recebido uma Carta de Recomendação pelo Director de Curso;
OUTRAS INFORMAÇÕES RELEVANTES:
Até ao momento, trabalhei em vários projectos e curtas metragens, tendo sido em todas elas, director de fotografia com excepção do “Muletas” de Luís de Campos (guionista do filme “Um Funeral à Chuva”). Uma das minhas fotografias serviu de cartaz para o mesmo. Nesse projecto, fui assistente do director de fotografia Fábio Guerreiro. Também realizei dois filmes experimentais (Ponta Negra e Ghosts, Records & Recreations) e outros filmes no âmbito académico. Para além desses trabalhos, já tive fotografias expostas em duas exposições.
Nota de intenções:
Ghosts, Records & Recreations consiste num projecto que mistura características de um ensaio visual com as de um vídeo experimental. A ideia para este filme surgiu enquanto estava a gravar um vídeo num consultório médico (que era do meu avô), após me ter deparado com um conjunto de slides e fotografias de pré e pós operações. Vendo o potencial que poderia estar por detrás destas imagens, resolvi trabalha-las sem ter propriamente na altura, uma concepção final para o meu filme. Como tal, gravei de várias formas e através de métodos diferentes com vista a encontrar uma estética e um tom satisfatório. Da projeção de slides contra a parede de uma lareira à mistura de cubos para crianças com fotografias de operações, foram apenas algumas das minhas experiências ou tentativas.
Posteriormente, quando comecei a editar o filme deparei me com vídeos bastantes diferentes uns dos outros. Foi nesse momento, que me lembrei de dividir o projecto em três segmentos: Ghosts, Records e Recreations. Desta forma, apesar de cada um se distinguir pelas técnicas como foram captados e montados, todos têm a mesma base e conceito nessas imagens, destacando-se entre si as características principais que os constituem. Enquanto o primeiro apresenta uma maior preocupação das condições técnicas através dos movimentos, o segundo concentra-se na sua estética própria e no último caso, no seu caracter mais experimental. Deste modo, cada um dos segmentos apresenta mais ou menos a mesma duração (entre os dois e os dois minutos e meio), com vista a igualar a importância das três partes. Note-se de que se trata de um filme bastante pesado, não só pelo seu conceito, mas também pelo seu conteúdo gráfico, na medida em que joga com essas fotografias, de forma a expô-las a cru.
Neste sentido, o primeiro segmento diz respeito ao Ghosts. O nome deste segmento proveio do seu carácter sombrio e misterioso. De facto, de todos eles, este é o que apresenta uma maior exigência e preocupação não só em termos técnicos como também em termos de direcção de arte. Enquanto que os outros segmentos não apresentam movimentos de câmara ou os revelam de uma forma não tão complexa, neste podemos observar vários, desde o travelling inicial ao plano zenital que percorre a secretária. A música presente neste excerto é sem dúvida imprescindível para criar o paradoxo nele existente. Embora seja uma música calma e descontraída, devido aos inserts e aos efeitos estéticos e sonoros, cria assim uma distopia entre as “duas” cenas que estão a ser reveladas. Deste modo, também se pode observar uma atmosfera mais negra no plano zenital pelo contraste entre a inocência dos cubos infantis e o sofrimento que está exposto nas fotografias. (Nota: Devido a não possuir um grande leque de material cinematográfico, algumas das técnicas tiveram de ser improvisadas. No caso do travelling, a câmara estava montada num tripé colocado sobre um skate para efectuar o movimento.)
Records, consiste num segmento com um caris mais gráfico, estético e simples. Nesta parte, os planos são mais prolongados do que nos outros e atribui uma especial atenção ao projector em si e ao que está a ser projectado por ele. Também não apresenta uma motagem tão “brusca” como nos restantes excertos. Porém, contém o mesmo ambiente obscuro. Neste contexto, joga mais com o poder das imagens e com a simplicidade e/ou subjectividade de alguns planos, para obter o mesmo efeito. Para além dessas características, corresponde ao segmento mais trabalhado em termos de enquadramentos. Sobre esse mesmo aspecto, demonstra planos que pretendem dar tempo ao espectador não só para os observar como também para os perceber. Tal como no caso de Ghosts, a música também desempenha um papel fundamental. Embora esteja exposta em reverse, cria um certo misticismo em torno das imagens. O fumo presente em alguns dos excertos também contribui para esse efeito. Pela intercalação entre a subjectividade dos padrões de algumas imagens projectadas com os padrões das doenças presentes nas fotografias, pretende-se criar assim um contraste chocante e cruel. O nome records surge precisamente pela exposição meramente através destes testemunhos gravados.
Relativamente ao último caso, Recreations, pode-se constatar que é o mais experimental de todos os segmentos. Neste, nota-se um jogo em todos os meios, não só pela montagem, como também pela fotografia e banda sonora. Consiste na única parte que não contem apenas gravações minhas, mas também alguns excertos de gravação direta de uma televisão para assegurar a continuidade das imagens. Para além disso, joga mais com a simetria e a subjectividade, apresentando por vezes uma maior variedade e contraste entre efeitos, tornando-se mesmo em certas alturas, mais agressivo e perturbante. Ao apresentar os slides sobre uma superfície rugosa, atribui uma certa textura às imagens, intensificando a sua força. Relativamente à própria estética, apresenta efeitos visuais pouco ortodoxos e mais insensíveis pelo uso de imagens mais “corroídas”. O seu nome surgiu pelo facto da maioria dos planos já terem sido utilizados anteriormente nos outros segmentos. Desta forma, tudo ou quase tudo o que se pode observar são meras recriações dos vídeos anteriores, tendo como principal objectivo, criar um certo sentimento de choque/instabilidade ao espectador. (Nota: O que se pode ouvir neste excerto, consiste numa conversa captada diretamente de uma telenovela em reverse. Da mesma de onde surgem os excertos de vídeo, únicas partes que não são da minha autoria).
Posto isto, embora na verdade os três segmentos pudessem ser exibidos separadamente, creio que apenas fazem sentido se estiverem todos juntos. Através da comparação entre os três pode-se observar a variedade e a execução de cada um, constituindo desta forma, um todo. Apesar deste projecto parecer um prelúdio para um hipotético filme de terror sobre um conjunto de experiências médicas mal sucedidas, a realidade é contudo bastante diferente e mais optimista. As fotografias utilizadas não passam afinal de imagens anteriores a cirurgias plásticas. A evolução era pois, sempre positiva para as pertenças vítimas observadas. Acidentes de viação, lábios leporinos e ataques de cães evoluíam posteriormente para melhorias estéticas dos pacientes fotografados.